O livro Crash, publicado em 1973 pelo escritor britânico J.G. Ballard, narra a história de um grupo de pessoas que desenvolvem uma obsessão por acidentes de carro. O livro ganhou notoriedade por sua abordagem perturbadora sobre o comportamento humano e a relação deste com o uso dos automóveis em uma sociedade cada vez mais saturada de tecnologia e mídia.

Em uma crítica literária publicada na Revista Veja, o jornalista Alexandre Versignassi aborda a obra de Ballard e suas implicações na sociedade contemporânea. Versignassi observa como a obra apresenta uma reflexão sobre o desejo humano por perigo e atração pela violência presente no cotidiano da sociedade moderna.

O autor compara a obra de Ballard com outras narrativas distópicas, como 1984 de George Orwell e Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, que retratam uma sociedade controlada e manipulada pelo Estado ao invés de pelos próprios indivíduos. Versignassi argumenta que em Crash, a sociedade funciona através do uso desnorteador da tecnologia em uma busca constante de sensações extremas.

O jornalista ainda discute como a obra de Ballard pode ser bastante desconcertante para os leitores ao explorar temas tabus como fetichismo, sadomasoquismo e necrofilia. No entanto, ele ressalta que essa exposição apocalíptica da sociedade contemporânea é necessária para a reflexão sobre a quantidade de violência presente em nossa sociedade.

Ao explorar a relação do homem com a tecnologia, o jornalista conclui que Crash é uma obra que expõe os limites da experiência humana em uma sociedade dominada pela tecnologia, e ainda instiga a reflexão sobre o papel que cada indivíduo pode desempenhar na construção de uma sociedade mais justa e reflexiva.

A crítica de Alexandre Versignassi sobre o livro Crash é um convite à reflexão sobre a sociedade contemporânea e suas implicações na vida humana. A obra de J.G. Ballard expõe alguns dos aspectos mais perturbadores do comportamento humano e das relações interpessoais em uma sociedade saturada de tecnologia e mídia, e ainda serve como um alerta para os limites da experiência humana.